JESUS DE
NAZARÉ
Já faz algum tempo,
que venho desejoso de escrever algo sobre este tema que aborda a pessoa de
Jesus Cristo. E antes de iniciar, gostaria de salientar com bastante clareza,
que este texto não trará nada de novo em termo de cristologia. Pois o mesmo não
tem esta intenção. Mesmo porque não se trata de nenhum tipo de estudo, ou,
alguma, apresentação de fatos novos que envolva anos de pesquisas. Portanto o
que pretendo neste pequeno espaço é tão somente discorrer e meditar sobre o
Jesus da fé. Conforme descritos pelos evangelistas.
·
O
Jesus descrito por são Mateus que o apresenta dentro de um contexto humano na
figura do filho de Davi, significando que ele é o herdeiro do rei a quem as
promessas messiânicas foram feitas.
·
O
Jesus descrito por são Marcos que também põe em destaque essa humanidade de
Jesus. Que suspira, que se entristece,
se indigna. Porém não se desvia de sua missão.
·
O Jesus descrito por são Lucas que o apresenta
como sendo Senhor, salvador e o Cristo filho de Deus.
·
O
Jesus descrito por João, que trás uma meditação mais profunda acerca de Jesus,
de uma forma mais abrangente. Enaltecendo mais a imagem do Cristo e a sua obra
salvífica entre os homens. Portanto é em meio aos relatos desses quatros
evangelistas que eu pretendo fixar toda a minha reflexão. E penso que não será
nada fácil, pois falar de Jesus de Nazaré, não é coisa de poucas horas. Nem de
poucas linhas. Muito menos de pouco tempo. Pois Jesus trouxe, e realizou todas
as promessas de Deus para as nossas vidas. E falar sobre tudo que ele realizou,
requer muito tempo. Porém uma certeza eu tenho: Jesus é o mesmo, ontem, hoje e
será eternamente.
Gostaria dedar início, com uma pequena
pergunta que Jesus faz aos seus discípulos que se encontra registrada em Marcos
cap: 8,27. “ QUEM DISSE OS HOMENS QUE EU SOU “. Essa pergunta chega até nós
através dos tempos, e soa do mesmo modo como fora feita pela primeira vez aos
discípulos. Possui ainda hoje o mesmo interesse de Jesus em saber como os
homens o reconhecem. Que resposta teríamos para Jesus hoje? Como os homens o vêem? Ignoram ou reconhecem
sua missão? Jesus de Nazaré, filho de Deus, nascido neste mundo com uma missão:
libertar os homens de seus pecados e conduzi-los de volta ao seu criador e
Deus. A missão de Jesus seria por demais dura, pois os homens abusando do livre
arbítrio que Deus lhe concedera tornaram seus corações duros e incrédulos. Mas
Jesus executou a missão. Cumpriu todos os desígnios de Deus. Onde ele mesmo
passaria pela morte da cruz. E, agora qual a resposta a ser dada? ELE mesmo
disse “ EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA EM ABUNDÃNCIA”
( jo:
Paremos um pouco aqui. Iremos adiantar nossos passos em busca de
respostas com os evangelistas. Com certeza encontraremos com eles testemunhos
da vida de Jesus, suas ações e palavras que certamente tocarão em nossas almas.
E nos ajudarão a compreender melhor o mistério dessa preciosa fé que nos leva a
conhecer a Jesus.
Comecemos com o evangelista
Marcos, ele inicia dizendo que Jesus é o filho do homem. Indicando e dando a
entender que tinha uma missão a realizar entre os homens. O filho do homem que
possui o poder de perdoar pecados ( Mc 10, 2-10 ). De curar leprosos ( Mc 1 ,
40 ). De acalmar tempestades ( Mc 6, 47-50 ). De multiplicar pães e alimentar
multidões ( Mc 6,30 ).
Marcos mostra um homem que se
revela em sua vida, suas palavras, suas ações, sua morte e ressurreição, como
sendo o verdadeiro messias que haveria de vir. Prometido pelos profetas. É a fé
que expressa profundamente que estamos diante de um Jesus - Deus e um Deus –
Jesus. Os discípulos entenderam dessa forma. O povo. E a Igreja ao longo dos
séculos vivencia essa fé, é assim que adoram. E a partir desse momento
assumimos a fé, assim como ela é. Com uma confisão que desafia a mais profunda
compreensão humana, nos pontos mais difíceis e absolutamente impossíveis da
visão natural. Ninguém pode
compreendê-la se dela não se aproximar. Todos os segredos e mistério que
rodeiam o homem tornam-se transparentes
em face da revelação de Deus em Cristo Jesus.
O profeta Isaias diz que o
filho do homem que expressa glória e poder, é também o servo de Javé que não
veio para ser servido mais para servir ( Mc 10,45 ). E este é mais um aspecto
da pessoa do servo de Javé: servir e não ser servido. Quando diz essas palavras
Jesus Assume uma posição inesperada diante se seus discípulos, que não
esperavam encontrar nele um messias que atuasse daquela maneira; efetuando
curas, ( Mc 1,40 ). Multiplicando pães ( Mc 6,33 ). Expulsando demônios ( Mc
1,24 ). Perdoando pecados ( Mc 2,10 ). Dominando as forças da natureza ( Mc 4,
35- 41 ). Este é o homem que o evangelista Marcos apresenta: um homem chamado
Jesus de aspecto sofredor e que se identifica como o servo de Javé, ( Is 53,12
).e que realiza obras poderosas no meio do povo. Que anuncia o perdão de Deus
para os homens. Que destrói o poder do pecado e celebra um sacrifício, o maior
de todos. O seu próprio sacrifício. De forma voluntariosa e consciente. Sabendo
que o que ele fazia, fazia para o resgate de muitas vidas, ( Mc 14,24 ). Marcos
escreve sobre um homem, cuja missão é sofredora e expiatória, mas que enriquece
a expectativa de esperança de muitos pelo mundo afora.
Voltemos nossas atenções agora
para o evangelho segundo escreveu são Mateus. Iremos examinar a pessoas desse
Cristo, que Mateus procurar mostrar aos Judeus, novos convertidos, ser o
verdadeiro Deus prometido pelos profetas. E para isso ele usa uma longa lista
da genealógica para provar que o Cristo é o filho de Davi, o filho de Abraão.
Filho de Davi que significa que ele é o herdeiro do rei a quem as promessas
foram feitas. Filho de Abraão Pois em Jesus se cumpria as profecias feitas a
Abraão que “ EM TUA DESCENDÊNCIA
SERÃO BENDITAS TODAS AS NAÇÕES “ ( Gn 12, 3 ). É dentro dessa
longa lista de genealogia, que Jesus aparece nos evangelho de são Mateus. Não
deixando de ser o verdadeiro Deus.
Nascido da linhagem de Abraão e Davi, pra resgatar e salvar todos os
homens.
Assim tendo dado testemunhos
de que Jesus é o messias, Mateus passa a descrever o mistério messiânico de
Jesus, desde o seu batismo nas águas, a tentação no deserto, seu ensinos, e os
milagres realizados por ele. Jesus trouxe a mensagem do reino de Deus. De um
reino que desafiava todas as expectativas do povo Judeu. A presença e a
inauguração deste reino, não coincidiam com o esperado por Israel, que
esperavam um messias com poder para destruir, destronar, e liberta-los do jugo
Romano que a muito os afligia. Pois era exatamente isso que o antigo testamento
prometia. No entanto, nada mudava. Os reinos ao redor continuavam do mesmo
modo. E o odiado governo Romano ainda não fora desafiado pelo messias. A forma de ser desse reino de Deus
os deixava intrigados, sem compreender, confusos. Se era o reino prometido e o
messias esperado, então porque na os liderava, para destruir e acabar com os
reinos ao redor que os oprimia. Em contraste com os ideais revolucionários
Judeus, Jesus falava de um reino que acolhia mendigos, mulheres, crianças,
pecadores, coxos, cegos, paralíticos. Esse reino era deferente, como
entender-lo? Teria que haver uma completa mudança de idéias. Só a partir da fé
seria possível torna-lo possível. Se para os Judeus, a idéia de reino de Deus
estava ligada a uma revolta contra Roma, dentro de um plano político, para
Jesus instalar o reino de Deus significava cumprir a vontade de Deus, tornar-se
solidário com os homens, revelar seu propósito de salva-los.
O reino que João batista e o próprio
Jesus anunciava como já tendo chegado aos homens, não trazia as características
de um reino desse mundo. Não trazia nenhuma realeza. Não tinha aspecto
político. E em nada se comparava aos reinos desse mundo ao redor Mas era
totalmente diferente, era de uma forma que não se podia imaginar. Para aqueles
dias. Além do mais apresentava um Jesus humilde, frágil e solidário com os
homens. E que mostrava compaixão, não pregava os ideais políticos
revolucionário do povo Judeu contra a dominação Romana. Não podiam compreender
que a única revolução que Jesus pregava era para acontecer nos corações dos
homens (At 6,8) para produzir pessoas novas para o reino de Deus.
Ao escrever o seu evangelho, Lucas
procura esclarecer que, o faz após uma longa e minuciosa investigação sobre os
fatos que aconteceram e, que lhes foram transmitidos por testemunhas oculares e
mestres da palavra. Então, agora, estaria passando todo o resultado desta
investigação para um certo Teófilo, afim de que este tenha plena certeza das
coisas que lhe fora ensinada.
No que refere, então, aos escritos de
Lucas, o tema central deste evangelho é apresentar a Jesus como salvador
divino, em sentido universal. Para todos os povos de todos os tempos. E de
todas as condições; para Judeus ( Lc 2,10 ), para pagãos ( Lc 3,6 ), para os
pecadores ( Lc 1,53 ). Para os pobres (Lc 1,35 ), para os desprezados ( Lc
7,44, 50 ) e também para os ricos (Lc
19,25 ). Manifestando assim a grande misericórdia de Deus. De forma muita clara
como se depreende, e se vê nas parábolas da ovelha perdida ( Lc 15,17 ), da dracma perdida (Lc 8,10 ), e do filho pródigo ( Lc 15, 11,32
). Sem esquecer o perdão concedido ao ladrão arrependido na cruz ( Lc 23,39-43
). Depois de haver se revelado como
salvador todo poderoso e único. Jesus revela-se também como Senhor ( KÝRIOS),
deixando transparecer todo o mistério de sua transcendência.Assim Jesus dá
início ao seu ministério com uma série de realizações de milagres, libertações,
curas divinas e demonstração de poder, ressuscitando o filho da viúva de Naim ( Lc
7,11,17).
No princípio deste evangelho, temos a
confirmação de que ele é o Senhor pela anunciação dos pastores ( Lc 2,11 ). E
no decorrer de todo ele, Lucas procura mostrar, em muitas passagens, a relevância
deste titulo atribuído a Jesus que traduz a sua soberania.
Jesus prega o reino de Deus e,
convida os homens a participarem dele. Assume uma postura que deixa a todos
admirados e perplexos. A sua presença
impõe respeito. E mesmo diante de ameaças ele não cede. Fala de Deus para todos
que queiram ouvi-lo. Está pronto a atender a quem dele se aproximar.
Lucas acentua, também, o fato de
Jesus, o Cristo, ser o filho de Deus. Cristo do grego CHISTÓS e do Hebraico
Mashiah, que significa ungido. O titulo
filho de Deus aparece logo no início do evangelho lucano, onde é mencionado que
João será grande aos olhos do Senhor, ( Lc 1,15 ), mas Jesus será grande e será
chamado filho do Deus altíssimo, ( Lc
1,32 ).
O quarto evangelho, escrito por João
homem de vivência cristã, que adquiriu uma longa experiência ao lado de Jesus,
apresenta um Jesus mais transcendental que ao outros evangelhos. João começa afirmando que Jesus é o logos de Deus.
A palavra que deu início a criação. No princípio havia apenas a realização, a
vontade de Deus e a sua palavra. Em apenas um momento. Um só. E agora nos dias
dos homens sobre a terra, o que era desde o princípio passou a existir entre os homens. Trouxe a vida.
Nele estava a vida. E ele vem. Chega até aos homens que estavam em trevas. Para dar
início a redenção dos homens. Vida e luz resplandecem nele. O profeta Isaias
diz que os homens que estavam nas trevas viram uma grande luz. Todos que os
aceitaram deu-lhes poder de serem chamados de filhos de Deus.
João começa o seu evangelho
apresentando a transcendência de Jesus. E insiste nesse fato. O logos é sim, o
verbo que se fez carne, humanizou-se e assumiu a forma de servo. E esta
encarnação é muito importante nos planos de Deus. Jesus estava disposto,
primeiramente, a padecer. Mas por fim resgatar toda a humanidade de volta para
Deus. E para isso ele assume a humanidade Para ser o seu instrumento nesta obra
que irá realizar. E então, na forma de homem, fala de Deus para os homens.
E João em sua meditação apresenta Jesus
como o filho de Deus. Que já existia junto a Deus, antes mesmo da criação do
mundo. E que vem até aos homens e habita entre eles, ( Jo: 1,14 ). E revela a
sua glória, a sua graça e a sua verdade. João procura mostrar desde o primeiro
capitulo de seu livro a igualdade de natureza entre ele e o pai, ( Jo: 1,5 ). (
Jo: 10, 38 ). ( Jo: 14,9 ). Enquanto que os outros evangelistas enfatizam a
figura de um Jesus – homem que se fez Deus, que pouco a pouco se revela até morrer,
exatamente por declarar-se filho de Deus, ( Mt: 26,63-65 ), (LC: 22,66-71 ). João insiste em valorizar a
encarnação do verbo que se humanizou sem perder sua divindade. ( Jo: 16,28 ).é
Deus que se digna a viver nas condições da humanidade com tudo o que ela tem de
necessidade, faltas e carências.
Além deste testemunho de João, que
trás sua meditação e sua insistência em revelar o Deus que se tornou homem,
Este quarto evangelho tem ainda o propósito de revelar os milagres de Jesus. “...
ESTES, POIS FORAM ESCRITO PARA QUE CREIAIS, QUE JESUS É O FILHO DE DESUS, E
TENHAM A VIDA ETERNA EM SEU
NOME “ ( Jo: 20,30-31 ). Assim João deixa transparecer em seus
escritos um Deus que atua como homem na pessoa de Jesus. Que opera sinais e
maravilhas, e deixa o povo alegre, assombrado, extasiado, e admirado. Que o
procura e provam do seu amor. Jesus é o grande ! “ EU SOU “ ( Jo: 13,19 ).
Apresenta-se como o pão da vida. A água da vida. A fonte de vida eterna quando
ressuscita a Lázaro. Transforma a água em vinho. Cura o filho do
centurião. Anda sobre o mar e multiplica os pães alimentando a mulditão.
João prova que Jesus é o Messias
prometido pelos profetas, no antigo testamento e revelado no novo testamento.
Portador divino da graça redentora. Do grande amor de Deus.
O evangelho de João, também
enfatiza, como os outros a obra salvifica de Jesus, que cumpre o significado
das profecias do antigo testamento, e se entrega voluntariamente a sofrer o final sangrento e esmagador da morte de cruz, (Jo:
18,5-6 ). Ele veio ao mundo, que estava profundamente marcado pelo pecado, sob
um terrível domínio, que os arrastava cada vez mais para as trevas e escuridão.
Jesus veio, então, arrancar o homem desse domínio, resgata-lo, livra-lo.
Levantar os caídos. Dar vista aos cegos dessa escuridão. Mostrar aos homens que
Deus os ama. E ele estava ali para isso. Para restaurar a comunhão desfeita
pelo pecado e oferecer dons aos homens. Vida eterna. E se não bastassem os milagres, Jesus ainda se levanta do túmulo, ressuscita,
triunfa sobre a morte. É a sua exaltação. Assim chama a atenção para si. Quer
que as pessoas vejam Deus nele ( Jo: 14,9 ). Revela o mistério da vida ( Jo:
10,30 ).
CONCLUSÃO
Iniciamos este texto
apresentando uma pergunta feita por Jesus a seus discípulos que se encontra em
Mc: 8, 27. “ QUEM DISSE OS HOMENS QUE EU SOU “. Uma pergunta que por muito
tempo, pelos séculos afora chegou até nos, e temos que dar uma resposta.
Acredito que depois de lido, alguns e superficiais relatos dos evangelistas,
estamos prontos para declarar nossa fé no filho de Deus. Ou continuar com mesmo
comportamento de neutralidade de quem começou a ler o texto, mas insiste em não
querer substituir a incredulidade pela fé.
Durante séculos e mais séculos
afora Jesus foi olhado por todos os tipos de pessoas, de todas as classes
sociais, todos querendo uma explicação. Uma resposta adequada. Era a suas
palavras, suas ações, sua dedicação no que fazia. Tudo isso despertava a
atenção das pessoas. Arrastava multidões que queriam ouvi-lo. Escuta-lo. Aliás,
só em vê-lo bastava para alguns. Mas outros queriam tocá-lo. Precisavam fazer para
serem curados. Outros nem se importavam com o tempo, seguia-o aonde ele fosse,
queriam aprender, saber mais sobre o sentido da vida. Jesus pregava , ensinava, curava e mostrava
ao povo uma nova direção a seguir. Trazia em suas palavra uma maneira de falar
que mudava todo o modo de pensar das pessoas que o escutava. Era firme,
absoluto em seus ensinos por isso incomodova. Era amado pelo povo e odiado
pelos lideres do povo. Tinha a primazia, a unção, a graça. O poder. Era o
verbo. A palavra. O Deus que se fez. Para os seus discípulos passou a ser o
salvador, o filho unigênito do Deus altíssimo. Os cristãos em todo o mundo
celebram, se regozijam, alegram-se com a presença do cristo ressuscitado,
triunfante e vitorioso. Que se mostra. Que realiza todas as expectativas do
povo e cumpre a vontade de Deus. Não se trata apenas de crer, de aceita-lo. Mas
também de confessá-lo. Onde o importante não é saber o que os outros já sabem,
mas conhecê-lo e saber quem É JESUS DE NAZARÉ.
AUTOR: Esdras de oliveira silva
Presbítero das Assembléia de Deus em Jardim Primavera
30 /04 / 2012 segunda -feira Hs: 10:30
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